data-filename="retriever" style="width: 100%;">A vida cíclica dos brasileiros e brasileiras, que nada traz de novo apesar das inúmeras oportunidades de aprendizado, é, mesmo, digna de nota.
Se pelo desapego, ou desprezo pela própria história, ou, ainda, a tal memória fraca da qual nós mesmos nos acusamos, não sei. Mas é nítida a tendência nacional para cair nas mesmas e velhas armadilhas eleitorais.
Pois não é que ao se aproximarem novas eleições, daqui cerca de um ano, recorrentes práticas por pretensos candidatos, novos e tradicionais, revisitam as atávicas posturas eleitoreiras que, convenhamos, todos conhecemos, mas que sempre geram dividendos eleitorais?
Ora, por décadas temos visto mandatários em exercício de derradeiro ano de primeiro mandato concluírem obras até então impensadas ou tidas como de impossível edificação.
Por anos, temos visto titulares de cargos do Poder Executivo de toda a grandeza e pelagem, em todas as esferas estatais, a esparramar aumentos salarias a servidores públicos no apagar das luzes do último ano de governo, para garantir simpatias na busca do segundo mandato ou mesmo para pavimentar a campanha de eventual sucessor
E o pior é que funciona...
Sim, tudo isto que citei, e tantas ouras atitudes congêneres têm o condão mágico de, no repente, apagar vícios de gestão que nem precisam ser tão remotos, independente da gravidade, culpa ou dolo e, sem mais, alterar a conceituação popular do agente da vez.
E por falar em culpa, cá entre nós: nossa culpa! Nossa máxima culpa.
Não são todos, é claro, mas a gente, o povo, cai, despenca nestes engodos.
Ainda assim, seria tolerável essa boa-fé, essa ingenuidade e candura de quem crê, de quem anseia o melhor, sem desconfiar das ardilosas nuances que o mundo político é capaz de forjar e das intenções que só esse âmbito é audaz em conceber.
Mas se tem uma coisa que não se pode mais tolerar, é esta abjeta utilização da miséria alheia, da penúria humana que, outra vez, é valiosa moeda a ser sopesada e cobiçada pela valia nas eleições que se aprochegam...
Se antes era a longínqua (para nós, gaúchos) seca no nordeste do País, por exemplo, quem sustentava no poder os coronéis distribuidores de migalhas de pão e gostas d'água aos descamisados sedentos daqueles arrabaldes, hoje nos deparamos diante de famintos e desesperados, desesperançados, de norte a sul ao sabor das conveniências, repito, eleitorais, a navegarem ao sabor das conveniências de políticos espalhados pelo país inteiro, assim como a pobreza.
Uns, com pressa em alcançar a esmola o mais breve possível, mesmo ao custo do futuro do País. Outros, tentando obstar qualquer auxílio para inviabilizar a candidatura do adversário de ali na frente.
No meio disto tudo a fome, a necessidade, e a morte. Nossa memória curta, não nos enganemos, é letal.